segunda-feira, julho 14, 2003

Caso Verdade

20 anos - Estação da Ingenuidade

Fazendo uma avaliação dos causos que eu, nesse espaço, tenho dividido com vocês e também dos que ainda não contei, resolvi selecionar esse que, fora os aspectos pitorescos do fato em si, agrega um outro componente X. Na verdade, R3x...

Segundo ano de Faap. Matéria: Fotografia. Professora: Dora. Tema do trabalho: "Mulher". Componentes do grupo: Eu e R3x. Como assim trabalho em grupo? O trabalho é individual,
disse a professora Dora.
Volta uma semana no tempo (meu sonho é fazer um post estilo Pulp Tarantino Fiction, sabe? Cheio de idas e vindas no tempo).
Reunião de grupo, ou melhor, de dupla:

_ E aí, R3x, o que vamos fazer?

Pára a fita: O R3x, apesar de japonês paraguaio - conforme já explicado em posts anteriores - havia descolado com seu irmão Celso, uma legítima super Nikon, modelo FM alguma coisa, para fazermos o trabalho. Para quem, como eu, dispunha apenas de uma Olympus Trip 35, era um upgrade e tanto. Solta a fita.

Não sei direito como, ou de quem surgiu a idéia, que devo confessar, era pretenciosa demais, quase arrogante para as nossas possibilidades. Mas, éramos jovens. E jovem é assim mesmo. É outro papo.

Mas a idéia que tivemos foi a seguinte: retratar os aspectos opostos da mulher (que no fundo compõem todas as mulheres): o sagrado e o depravado; o puro e o impuro. Enfim, tentar buscar nos contrastes uma abordagem um pouco mais arrojada e inusitada.

Fomos atrás do referencial santificado. Onde? Nas igrejas, ué! Procuramos enquadramentos criativos para várias estátuas da Virgem Maria (que apesar dos nomes e feições diferentes, representa sempre a mesma mulher). Para isso, valia tudo: subir no banco da igreja; deitar no chão da igreja; ficar esperando o sol bater em um determinado vitral para conseguir um determinado efeito, enfim, como disse, éramos jovens. Se tínhamos autorização para isso? Claro que não...

Pára a fita de novo. Lembrei que numa outra circunstância estávamos fotografando umas estátuas de Aleijadinho (acho que são réplicas) no saguão da Faap, quando aparece um segurança, com sotaque nordestino tão carregado que quase não entendíamos o que ele estava falando:
_Num pode tirar foto das estáuta, não!
_Mas estamos tirando sem flash, tentamos argumentar.
_ Mas num pode tirar, não. Cum fréche, sem fréche. Cum filme ou sem filme, num pode tirar, não.
Então vocês já sabem, mesmo sem filme, não pode tirar foto na Faap, não, hein! Solta a fita.

Bom, os primeiros 50% do trabalho estavam relativamente encaminhados. E os outros 50? Esses estavam meio enroscados...

A ingenuidade começa agora. Nessa época, achava que fotografar prostitutas, não deveria ser coisa do outro mundo. Lembro de ter assistido, na faculdade, um curta-metragem chamado “Beijo na boca”, onde as “primas” eram largamente filmadas e entrevistadas. Por que não, nós? Pensei eu.
Mas as coisas não foram bem assim...

E então, amiguinhos, no próximo capítulo, nossos intrépidos heróis irão tentar fotografar as moças da vida na Estação da Luz. Será que eles sairão livres dessa? Não percam o próximo post!