terça-feira, julho 08, 2003

Caso Verdade

24 anos – Abaixo os pedágios!!

Na minha opinião, de todos os Caso Verdade, esse é o mais improvável. As pessoas vão ler e dizer: “Sem chance” ou “Cascata, não, né?” ou ainda: “Ah, vai contar mentira prá surdo...” Mas é verdade. O pior é que é verdade. Ou melhor, o pior é que havia testemunhas (que não me deixam esquecer do ocorrido...)

Nessa época, a família da Cris tinha uma chácara perto de Sorocaba. Mais precisamente na altura do km 63 da Castelo Branco. Lugar muito legal. Pena que há alguns anos eles venderam. Era muito bom fugir para aquelas bandas no Carnaval. Ficava perto da cidade, mas bem longe do Rei Momo. Inclusive, lá rolaram muitos “Catoboro” (o arremesso e defesa que me referi no último CasoVerdade).

Não me lembro se esse fato ocorreu especificamente no Carnaval, mas é bem provável, porque a Castelo estava lotada. Marcamos de sair de manhazinha da casa da Cris, que nessa época morava no bairro do Pari. Chegou todo mundo. Bagagem arrumada. Carros abastecidos. Simbora!!

Nesse dia, o pai da Cris, o grande (e saudoso) Seu Valdomiro, meu futuro sogro na época, foi com a gente. Eu estava dirigindo e ele estava sentado ao meu lado na frente. Como disse, a Castelo estava bem cheia, então, próximo àquele primeiro pedágio estava tudo meio parado. Embreagem, primeira e pára pertinho do carro da frente. Embreagem, primeira e pára pertinho do carro da frente. E assim estava eu na fila do pedágio. Moleza, né? Dá para conversar, cantar, ler...

Nesses tempos, eu e a Cris já pensávamos em juntar as escovas de dente. Estávamos procurando apartamento. E daí é aquela coisa, quando você gosta, não pode pagar, quando pode, o prazo de entrega é muito distante. Quando atende os primeiros quesitos, o local é que não é tão legal...enfim, não é mole. Desta feita, o carro estava lotado de panfletos de construtoras que foram se acumulando pelo caminho: esse, não...muito caro...muito pequeno....não...esse é muito longe....e...opa!! (embreagem, primeira e pára pertinho do carro da frente)...esse aqui é interessante...rua tranquila... (embreagem, primeira e pára pertinho do carro da frente)...acho que dá para conseguir o dinheiro para essa entrada...já vão entregar no ano que vem? (embreagem, primeira e pára pertinho do carro da frente)...interessante essa planta...mas quantos metros qu....

_VOCÊ PASSOU!! VOCÊ PASSOU!!

Sim. Isso mesmo, eu passei. Eu consegui essa façanha. Passei sem pagar o pedágio.

Ou nessa época não existiam cancelas ou ela estava quebrada naquele dia. O fato é que pelo retrovisor, vi um funcionário do pedágio, de roupa laranja fosforecente, correndo atrás do carro abanando as mãos. Parei quase já no meio da Castelo. Tirei uma nota do bolso, pedi desculpas e nem quis saber do troco. Saí o mais rápido possível. Mas o funcionário até que foi compreensivo...

O Seu Valdomiro não se aguentava. Achei que ele fosse passar mal de tanto rir. Adivinhem qual foi assunto preferido do feriado.

Alguns meses depois, demos entrada naquele apartamento do panfleto, que é onde moro até hoje.

Passavam-se os anos e o Seu Valdomiro adorava contar essa estória, principalmente quando ia me apresentar a algum parente: “Esse aqui é meu genro, sabe o que ele fez?...”

E ria com seu jeito bonachão, como no dia em que aconteceu. Inclusive ele tinha um jeito bem peculiar de rir e esfregar as mãos ao mesmo tempo.Uma risada daquelas bem expansivas, sabe?

Faz falta.