quinta-feira, outubro 30, 2003

O japonês voador
Quem vê a gente assim, já tiozinho, não imagina como foram as tretas da infância. A Gi sempre ria quando eu tentava narrar as aventuras de uma luta travada na infância, na rua, por causa de umas figurinhas. Ela achava simplesmente inconcebível dois molequinhos de 7 anos atracados pelo pescoço e socando-se mutuamente.
A verdade é que todo moleque já brigou na vida por causa de figurinhas, lancheira, futebol ou qualquer outra coisa de igual relevância.

Quando eu era apenas um gafanhoto, meu grande mestre nas artes marciais era o próprio Mestre do Kung Fu, o sr. David Carradine. Ele tinha um golpe fulminante que consistia em saltar com os pés projetados à frente em direção ao peito do oponente. Nunca falhava. Quando ele dava esse golpe, o bandido era derrotado e o episódio acabava. E eu, com toda a minha disciplina e obediência aos valores das artes marciais orientais, em pouco tempo aprendi a executar esse golpe com total perfeição. Sabendo porém do seu potencial aniquilador, passei um bom tempo sem nunca executá-lo contra um ser vivente.

Certo dia, porém, minha paciência de arqueiro zen foi posta à prova e confesso que sucumbi. Provocações, xingamentos, ofensas... aumentando... aumentando... até que parti em corrida desabalada na direção do provocador e, a cerca de 1 metro e meio, saltei com a perna direita estendida em direção ao seu peito. A perna esquerda flexionada. Punhos fechados. Só faltou gritar um "kiai", mas aí achei que ficaria "over".

pausa dramática... (fade out)

Não, ele não morreu. Na verdade, ele nem caiu. Mas fez uma cara de susto que guardo até hoje na lembrança!! Huahuahuahuahua!!!
Desse dia em diante, ganhei a pecha de "Japonês Voador", desarmado e perigoso.