quarta-feira, novembro 12, 2003

Esses humanos que circulam II
Menos tolerante, eu? É possível... mas esses humanos que circulam pela cidade a fora... vou te contar...

Ontem subia eu tranquilamente a rua Fradique Coutinho, quando, saindo de um prédio, um tiozinho de avental branco dizia para alguém que ficou lá: “..essa Marta tinha que mudar prá Argentina. Não casou com argentino? Então, muda prá lá...” Como coincidiu dele estar saindo bem na hora que eu estava passando, ele já emendou em minha direção: “não é mesmo?” e eu só pensando: “ai, ai, ai... esse tipo de papo é sempre perda de tempo... “ não por causa da política em si, que sim, é frustrante, mas porque, geralmente, é como discutir futebol. Tudo muito passional e imparcial. “Eu posso reclamar, porque não votei nela”, “Porque ela é uma sem-vergonha”, “Porque ela não presta”e por aí foi. Desta maneira, resolvi dar ½ trelinha a ele, a fim de descobrir o que a Dona Marta havia feito de tão grave e que me escapara. “Mar por que a Dona Marta tem-lhe incomodado tanto, meu amigo?” disse eu.

Se liguem na resposta: “Eu conheço essa pilantra há muitos anos... ela é dona de um prédio aqui atrás e conheço também o ex-marido dela, aquele nojento do Suplicy. Uma vez ele apareceu num sábado cedinho para comprar remédio e eu dei 10% de desconto para ele, que é a instrução que eu recebo do patrão. Daí o safado achou pouco o desconto, acredita? Ele é ladrão, rouba prá caramba e ainda quer mais desconto? É um f.d.p. mesmo.”

Tá, mas o que a Marta fez? Sei lá. Ele não disse. Mas o que isso importa, não é mesmo?

Por isso, o profético filho da Dona Marta já cantava nos anos oitenta: “esses humanos que circulam....”