quinta-feira, maio 20, 2004

O tudo e o nada

teoria especialmente elaborada para o mano Daniel

O saudoso filósofo contemporâneo Tim Maia, o síndico, costumava dizer que "tudo é tudo e nada é nada".
Eu, do meu lado, me convenço cada vez mais de que "tudo é tudo e nada ao mesmo tempo. E o nada também".
Sacaram? Tudo (e nada) no nosso mundo é assim: é isso e não-isso; é bom e ruim; é yin e yang; é feio e bonito... ao mesmo tempo. São forças opostas e complementares que estão nas coisas e nesse equilíbrio se baseia a nossa existência.
Essa condição de mundo que é ao mesmo tempo boa e ruim, agradável e desagradável, interessante e desinteressante, me faz pensar na comunicação humana. Vcs acham que a comunicação, no nível em que está, supre as nossas necessidades enquanto seres de uma mesma comunidade? Já pararam prá pensar que a maioria das desavenças religiosas, por exemplo, podem ter sua origem num mero problema de comunicação? E as tragédias de Shakespeare? Também não poderiam ser evitadas com um pouquinho mais de diálogo?
Será que o problema não está na nossa estrutura de comunicação, que nos permite denominações apenas parciais de determinado conceito ou idéia? Na nossa estrutura verbal atual, ao atribuir a algum objeto uma qualidade ou característica, esta fica quase sempre incompleta e parcial, ocultando assim as outras características complementares e igualmente necessárias do mesmo. Por exemplo, ao afirmar que "todos os homens são iguais", eu consigo congregar algumas qualidades comuns aos homens que são realmente relevantes como comer, dormir, fazer sexo etc. Mas ao mesmo tempo, cada homem é único, diferente de todos os outros, possui uma "assinatura" própria do jeito de andar, falar, comer, dormir, fazer sexo etc. Como definir o homem, então, em poucas palavras?

O modelo oriental pictórico poderia estar mais próximo de um conceito global abrangente. Mas para que fosse perfeito, talvez fossem necessários tantos ideogramas quantas fossem as referências humanas.

Falta muito prá abolirmos a comunicação verbal e usarmos só a telepatia?