quarta-feira, julho 23, 2003

Caso Verdade

19 anos – Bragantino Jesse James

Conversando com a Daniela, sobre batidas de carro, lembrei-me deste episódio (como pude esquecer?) que também pode estar no hall da fama dos Caso Verdade, visto que atende com louvor os quesitos: situação insana, trapalhadas, acidente leve e etc. Pelo menos, dessa vez não fui parar no hospital nem nada. Mas poderia ter acontecido algo de proporções muito graves.
Mas... sempre tem um lado positivo (sei que é batido dizer isto, mas é verdade mesmo, fazer o quê?). Por exemplo, essa foi a primeira e única vez em que efetivamente bati o carro. Da mesma forma que quando quebrei o dente (A Banguela Filosofal) aprendi sobre consequências, digamos que esse episódio foi uma aula-reforço sobre o conceito...

Chevette L 1.6, azul escuro metálico, 1984, à álcool (que sofrimento nos dias frios... )
Esse foi meu primeiro carro. Bragantino Jesse James foi como batizei ele. A chapa era BGR 6021, esse BGR é que me sugeriu o Bragantino. Já Jesse James, era para dar uma pinta de fora da lei, sabem? O R3x conheceu o carro, pôde até passar uns sustos nele...

O carro não era ruim. Mas como dava problemas elétricos!! Ele sofria de descarregamento crônico de baterias...De uma hora para outra, puf, apagava. Cheguei a trocar a bateria, pedir para um eletricista dar uma checada em toda fiação, alternador e nada. Vira e mexe, ele me deixava na mão.

Numa das vezes, saindo da casa de uma amiga, virei a chave e... plec...nem sinal. Que saco! De novo! Um homem que passava na rua se ofereceu para empurrar. Chamou mais dois...força.. e....vrrummm! Beleza. Valeu pessoal!!
Ando 50 metros e puf, o carro apaga de novo. Não acredito! Dessa vez, não tive tanta sorte, precisei caçar uns “voluntários” prá me ajudar. Vamos lá pessoal, com garra agora...vrrrum!! Brigadu!! Bom, agora vai, não é possível. Mas era possível. Parado no farol, ele morreu de novo. Nesse momento, eu estava na Rua Águas de São Pedro, esquina com a Av. Nova Cantareira. Nesse trecho, a Cantareira sentido Santana, é descida.

Neste dia compreendi (na marra) que, manter o equilíbrio independente da situação, é sempre indispensável. Mas nessa hora eu ainda não tinha compreendido nada e não estava nem um pouco equilibrado...estava é querendo dar uns chutes no Bragantino e largar ele no meio da rua...
Chamar alguém prá empurrar de novo??

Então tive a brilhante idéia: eu já estava quase na Cantareira (que é descida). É só empurrar o carro até lá, entrar dentro e dar um tranco na descida. Toda vez que lembro disso, sinto um frio na barriga...

Fui empurrando o Bragantino, e fazendo a curva à esquerda para entrar na avenida. Só que quando ele começou a entrar na Cantareira, quem disse que eu consegui segurar o carro? Ou entrar nele? Patético...Eu tentava desesperadamente segurar o carro, que me arrastava pela rua...que bonito...

A sorte é que como a direção estava virada para fazer a curva, ele acabou virando mais e acertando um Fusca que vinha subindo em sentido oposto. O tiozinho do Fusca não entendeu nada...e também não se alterou muito. Eu até já estava preparado para ouvir um monte (e com razão), mas ele foi gente fina. Sorte que eu tinha seguro...Nessas ocasiões é comum de se ver homens (principalmente) animalizados, frente a situações em que seus carros, como que extensão de seus corpos, tenham sido arranhados ou batidos. Quantas mortes estúpidas já não aconteceram, por conta de simples brigas de trânsito...Mas nessa ocasião, estupidez, foi apenas a minha mesmo...

Às vezes fico pensando: e se a direção não estivesse suficientemente virada e o carro desembalasse ladeira abaixo? Poderia ter batido em outro carro com muito mais força... ou encontrado alguém na calçada... ou ainda ter parado dentro de alguma casa. De novo, aquele frio na barriga...

Por isso eu digo: crianças leitoras do Teoria, não tentem fazer isto sozinhas em casa. Nem na presença de um adulto.

O ideal é ter pelo menos três adultos...