sexta-feira, maio 21, 2004

O tudo e o nada II
Visto que o assunto "comunicação" fez tanto sucesso (ehr.. veja bem...) resolvi reciclar esses posts do passado longínquo.


Código Sonoro
Já repararam que o mundo do comércio informal também tem seu código de ética no que se refere à forma de divulgação dos produtos?
Por exemplo: se o cara for vender bijú na rua, é imperativo que ele tenha aquele "plec-plec". Se for amolar facas, tem que ter aquele apito cromático para subir e descer na escala. Quando o som é de buzina, geralmente é o cara do algodão doce, mas também pode ser o do sorvete. Essa é uma questão que ainda não está muito bem resolvida.
Se for vender pamonha, é bom descolar aquela gravação da "Pamonha de Piracicaba", caso contrário pode não dar a credibilidade suficiente ao seu produto. Se possível, não use caixas acústicas, prefira aquelas cornetas prá dar aquele som de nariz entupido. Também não use um modelo de carro posterior a 1980. Não combinaria.
Quem evoluiu nessa história foram os caras do gás. Antigamente, eles não dispunham de "Pour Elise" para identificar o negócio, tinha que ser na buzina do caminhão e na voz do entregador: "ó u gáiz!".

R3x



Código Sonoro II
Acho que existem vários códigos sonoros também no nosso cotidiano e não apenas no comércio informal. Por exemplo: no trânsito, a intensidade (ou tempo de execução) e a quantidade de buzinadas diz tudo: 1 toque rápido = alerta; 2 toques rápidos = vc está cumprimentando um conhecido ou agradecendo aquele cara* que deu uma brecha para vc passar ; 1 toque longo = vc levou uma fechada (as vezes, essa modalidade vem acompanhada de um palavrão). Quando o seu time é campeão, você busina assim: tan, tan, tantantan – tan, tan, tantantan
Agora, se vc escutar o seguinte som de buzina: “Sai da frente” todo distorcido, pode sair mesmo, porque lá vem um mano com uma perua de lotação clandestina, com o adesivo ATECUBANOS colado no parabrisa.

*Não disse cara, à toa.. As mulheres podem até serem mais cuidadosas e causarem menos acidentes de trânsito, agora, é fato que a esmagadora maioria simplesmente não dá passagem (e as vezes, nem seta).

Alex-J


Outros códigos sonoros - jeito de falar
Percebam o diálogo abaixo:
_ ... fica combinado assim?
_ Fechado, as oito meia eu te encontro lá.
_ Então, beleza! Um abraço!

Normal, né? Não fosse o fato de que estavam os dois conversando ao vivo, nariz com nariz. Se fosse telefone, rádio amador, icq, sinais de fumaça, pombo correio, coruja correio, tudo bem... mas por que diabos, o cara está mandando um abraço, ao invés de dar um? Incrível... entre mulheres, também acontece: "Então tchau, um beijo” ou “Vou indo. Bejinho, tchau.” Será que as pessoas falam tanto ao telefone que quando estão ao vivo, não percebem a diferença? Não é esquisito?

Ps: tá bom, sei que também é esquisito escrever sobre isso...