terça-feira, dezembro 09, 2003

Post Novela – Cap IX
O carinha andava apressado pela rua. Não queria se atrasar. Combinou de encontrar Clara no intervalo de sua aula. Depois daquele dia na diretoria, ainda não haviam se encontrado pessoalmente e ele estava um pouco ansioso. Estava também um pouco envergonhado por toda aquela cena que havia feito e não fosse pela Meg (e suas baquetas), teria sido ainda pior. “Espero que ela não tenha comentado com a Clara. Cara, que patético...”

Ele havia pensado muito no que a Meg havia dito e achava que ela estava certa. Precisava parar de encanar tanto com as coisas. Afinal, se a Clara estava com ele, é porque alguma coisa ela sentia. Falta de opção é que não era o caso dela. Então, o melhor era desencanar e curtir o momento. Momento esse que realmente não era ruim. Profissionalmente, as coisas estavam melhores. Depois de conversar com o dono do estúdio e explicar o que sentia, o fotógrafo oficial concordou em deixá-lo assinar alguns trabalhos e também aumentou um pouco sua porcentagem nos ganhos. Sua família estava um pouco mais conformada pelo fato dele ter saído de casa. Sempre tiveram um bom relacionamento e o carinha não era de reclamar das coisas, por isso, quando ele tomou essa decisão, seus pais ficaram muito surpresos: “Mas qual é o problema?” “O que nós fizemos de errado?”. Foi difícil explicar que era apenas uma necessidade de ter seu próprio espaço. Mas mais difícil ainda, foi explicar à Júlia, sua irmazinha de 6 anos. Na verdade, era dela que ele sentia mais falta. Espevitada, alegre e inteligente, devido a grande diferença de idade o carinha se sentia meio pai dela também. Sempre que podia passava lá para vê-la e brincar. Júlia tinha o poder de fazê-lo esquecer qualquer coisa, qualquer problema. Só de ver aquela carinha marota, ele já tinha vontade de sorrir. Até dormia lá as vezes. Então, pouco a pouco, as coisas iam se encaixando.

Passou correndo pela portaria da faculdade e entrou no prédio onde ela estuda. Subindo as escadas encontrou com Tatiana, colega de Clara, que vinha descendo.

_ E aí, Tati, beleza? disse ele
_Tudo bem e com você?
_Tudo certo. Você viu a Clara?
_Quando saí, ela ainda estava na sala.
_Ah, valeu. Você também fez prova terça-feira?
_Terça? Não, não tivemos prova em nenhuma aula. Só uns trabalhos bem pentelhos.
_Ninguém teve prova substutiva?
_Mas se nem começaram as provas normais, quanto mais as subs...
_A Clara me disse... deixa prá lá, acho que eu entendi errado. Até mais.
_Tchau.

Ele sentiu um alçapão abrir sob seus pés.

continua>