terça-feira, novembro 18, 2003

Post Novela – Cap VI
“Perfeito” pensou o carinha. Evidente que ia acontecer alguma coisa. Tava acontecendo tudo tão certo. Por que sempre tem que ser assim? Pensava ele enquanto pegava o long way home .

“Ok, tinha prova, já era uma substutiva. Mas não dava nem para falar tchau??” Por mais que ele tentasse racionalizar, aquele sentimento de rejeição não desgrudava do fundo do seu peito. E ele ia andando, meio sem direção, pelas ruas movimentadas. E essa dor acabou trazendo a tona outras lembranças, de outros relacionamentos. De repente, começaram a desfilar pela sua mente todas as garotas com as quais já tivera alguma coisa: desde o primeiro beijo, com a Veridiana à primeira vez de fato, com a Gabriela. Os foras que levou. Os que precisou dar. As coisas engraçadas e tristes que aconteceram ao longo dos anos com essas garotas. Então começou a viajar em uma idéia muito esquisita: começou a pensar em uma festa... não, um coquetel. Isso, um coquetel com todas as suas ex-namoradas. Bom, não seria necessário um local muito grande. Não precisaria ser no Morumbi, nem no Credicard Hall, nem no Olympia... é, a sala do seu apartamento de um quarto resolveria o problema.

_Ele beijava muito mal, acho até que nunca havia beijado ninguém antes – dizia Veridiana, rindo, entre um gole e outro de sua bebida ice alguma coisa
_Bom, comigo foi pior ainda. Precisei ensinar tudo à ele, sabe? “Isso, agora faz assim... não, aí não...” Ai, foi um saco... se bem que hoje em dia, é até engraçado lembrar disso. Dizia Gabriela.
_Vocês acreditam que ele esqueceu do meu aniversário? Vê se pode? Eu toda arrumada, achando que fôssemos sair, fazer alguma coisa legal e ele me aparece em casa, tarde, vestido de qualquer jeito, sem presente, na maior tranquilidade. Vocês precisavam ver a cara dele quando me viu toda arrumada, sentada de braços cruzados no sofá. Parecia que tinha visto um fantasma! Foi muito engraçado. Saiu correndo e, não encontrando nenhuma floricultura aberta, apareceu com umas flores chinfrins que deve ter arrancado do jardim de algum prédio. Patético... – divertia-se Luciana.
O carinha ia circulando pelas rodinhas de ex-namoradas e ouvindo esses depoimentos bacanas. “Babaca”, “atrapalhado”, “xarope”, “looser” elas iam dizendo sem parar. Até que chegou em uma rodinha onde estava Clara, aparentemente se divertindo muito: “Vocês acreditam que tocou o sinal e ele achou que fossem “sinos”? Sabe aquele tipo de coisa que se diz nos filmes? Eu tinha vontade de perguntar: “Não, quem trouxe esse cara?” Mas não deu tempo porque eu precisava fazer prova – divertia-se ela.


E o carinha, de olhos abertos, se entregava àquele pesadelo. E andando, passou por um boteco. Passou... e voltou. Anestesiar o cérebro parecia a coisa mais lógica do mundo. Pediu uma pinga. O balconista olhou de modo engraçado para ele, estranhando um pouco o pedido vindo de um carinha como aquele, de mochila nas costas.
_Tem certeza?
_Ah? Do quê? – perguntou o carinha totalmente viajando
_Da pinga.
_Ah! claro. Prá dar uma esquentada, né?
_Claro... – e colocou o copinho de aguardente no balcão na frente do carinha.

Ele ficou ali, olhando através do líquido transparente, pensando, pensando...

_Hei, cê tá loki, é? Disse Meg abruptamente, tirando o carinha do transe.
_Isso aí é pinga mesmo? Cê tá querendo fazer o quê?
_Ah, me deixa Meg. Não tô no pique de sermão hoje.
_Cara, qual é o problema? Por que tá com essa cara de cachorro sem dono? Tá dodói, é? Já esqueceu o que aconteceu da última vez? Será que vou precisar dar umas baquetadas na sua cabeça, para você lembrar?

continua>