quarta-feira, dezembro 10, 2003

Post Novela – Cap X
Clara olhou o relógio. O carinha estava atrasado. Será que ele esqueceu? Será que houve algum mal-entendido? É engraçado a reação que temos quando marcamos de nos encontrar com alguém, em determinada hora e lugar e a pessoa começa a atrasar: “Será que eu entendi certo?”, “Será que ele entendeu certo?”, “Será que é aqui mesmo?”, “Será que meu relógio está errado?”

Prá variar, o celular do carinha só dava caixa postal. O que teria acontecido? Clara começou a sentir um incômodo no fundo da barriga, um mal pressentimento. Ele já estava mais de quarenta minutos atrasados. Tentou o celular dele de novo. Caixa postal. Resolveu deixar recado:
_Oi, sou eu... Onde você está? Liga prá mim, estou preocupada... e com saudade.

As pessoas não mudam de uma hora para outra. Apesar do carinha ter assimilado bem as coisas que Meg disse, ele continuava sendo aquele carinha... um pouco inseguro, pensativo, meio delirante...
Ele literalmente perdeu o rumo. Não queria encontrar Clara. Não se sentia preparado para uma confrontação. Na verdade, tinha medo do que poderia ouvir. Então, deu meia-volta e foi andando, sem direção, pelos corredores daquela bosta-bosta de faculdade. Fazia força para não desmoronar. Impressionante como aquele golpe atingiu-lhe fisicamente também. Sentia-se tonto e com a cabeça doendo.

Clara estava ficando desesperada. Apesar do carinha, por distração, já ter se atrasado outras vezes, ou mesmo não aparecido, ela sentia que agora era diferente. Havia acontecido algo...
Sexto sentido feminino quando resolve funcionar é uma coisa...

Por que? Por que ela mentiu? Estas palavras martelavam na cabeça do carinha.

_Seu namorado já foi? disse Tati passando por Clara
_O que?? Você o viu hoje??
_Acho que faz uma meia hora. Ele tava te procurando...
_Mas ele disse alguma coisa? Que ia passar em algum lugar, ou algo assim?
_Não, ele parecia que estava com pressa e me perguntou se eu havia te visto, então eu disse que você ainda estava na classe.

Eu não posso estar tão enganado assim... ela parecia que também queria... então por quê? E ele ia ficando cada vez mais atormentado, vagando por aqueles corredores.

_Só isso? Ele não falou mais nada? disse Clara aflita
_Não... como eu disse, ele estava meio correndo...
_O que será que aconteceu? dizia Clara mais para si mesma.

Será que eu fui afoito demais? Será que eu me precipitei? Será que eu estraguei tudo? Pensava ele.

_Ah! disse Tati de repente. Ele também perguntou se eu havia feito prova semana passada. Eu achei estranho porque...

Tatiana, nem precisava continuar. Num micro segundo Clara compreendeu tudo.

E uma lágrima escorregou pela sua face.

continua>