quarta-feira, agosto 08, 2007

Histórias reais (ok, mais ou menos reais) - Paul in Rio

Nas festividades do Pessach, a Páscoa dos judeus, fui com minha família até Fort Lauderdale, na Flórida. Na volta para o Brasil, compramos as passagens e meus pais resolveram que minha avó iria de primeira classe. Todo o restante da família foi na classe econômica.

O avião era enorme, tinha dois andares e estava muito movimentado. Um vai-e-vem danado.

Antes de decolarmos, meu pai me pediu para ir até a primeira classe para ver se minha avó estava bem. Minha irmã foi comigo. Chegando à escada (a primeira classe ficava no segundo andar), fomos barrados pela aeromoça. Dissemos que íamos ver nossa avó e então ela liberou. Chegando lá, avistamos minha avó

A primeira classe era bem mais espaçosa e tranqüila do que o setor onde estávamos. Só então notei que no corredor bem ao lado do da minha avó estava o Paul McCartney! Ao seu lado estava a Linda e atrás, seus filhos! Mais ao fundo devia ser toda a banda que participava da tournée que se dirigia ao Rio de Janeiro.

Eu tinha só 12 anos na época e nem sabia que o Paul ia cantar no Brasil. Ficamos muito excitados, mas disfarçadamente, cochichávamos para a minha avó:

- Vó, é o Paul McCartney!
- Quem? - perguntou ela.
- O Paul McCartney, vó! Dos Beatles!
- Ah, é mesmo! Até que ele é parecido...

Resolvemos falar com ele e minha irmã, que tinha um inglês melhor que o meu na época, foi na frente. Nesse instante, o Danny Laine, guitarrista dos Wings, estava passando pelo corredor e, vendo que íamos abordar o Paul, tentou nos impedir:

- Hey, kids! Don´t disturb him now, ok? - ele tinha pedido que não incomodássemos o Paul, mas o beatle interferiu:

- Deixe os garotos, Danny. No problem...

Minha irmã só conseguiu falar umas bobagens do tipo "Você é o Paul McCartney, né?", "Que legal!", "Você está indo pro Rio?", "Podemos tirar uma foto?", "Dá um autógrafo?". Ele deu o autógrafo, mas pediu que não tirássemos fotos naquela hora, pois estavam todos "com cara de sono".

Durante a viagem, ficamos subindo e descendo toda hora com a desculpa de ver minha avó, mas na verdade, queríamos ficar ali ouvindo a conversa deles.

Quando chegamos ao Rio, havia uma multidão esperando no aeroporto. Aproveitamos aqueles últimos instantes para tirar fotos, que infelizmente queimaram. Ao chegarmos a São Paulo, vimos anúncios e matérias do show na televisão. Meu pai então sugeriu que voltássemos ao Rio e fôssemos ao show. Fomos naquele mesmo dia, sem ingresso nem nada.

Quando chegamos ao Maracanã, o show já tinha começado e, por isso, conseguimos ingressos a preços razoáveis com um cambista. Entramos, mas só conseguimos ficar nos últimos lugares. Assistimos ao show, vendo o Paul bem pequenininho e, às vezes, no telão. Ninguém imaginava que 24 horas antes, nós estávamos cara-a-cara, eu e o Paul McCartney!