segunda-feira, dezembro 29, 2003

Post Novela – Cap XII
Quando Clara abriu a porta da sala do diretor, o carinha quase caiu da cadeira de susto.
_Veio ver as fotos de novo? Perguntou Clara meio sem jeito.
_É... – respondeu ele sem olhar para ela. Como sabia que eu estava aqui?
_Eu não sabia... Olha, acho que a gente precisa conversar.
_Conversar?? Sobre o quê? Sobre sua prova substitutiva da semana passada? Disse ele cheio de rancor, destruindo alguns clipes sobre a mesa.
_Eu errei. A culpa é toda minha.
_Sabe, Clara, eu jamais mentiria prá você.
_As pessoas são diferentes.
_Tá querendo dizer que você é mentirosa?
_Não, apenas que na hora fui fraca e não consegui dizer a verdade. Naquele momento me pareceu a coisa certa. Não queria te magoar.
_Parece que deu certo...
_Não debocha. Eu apenas não queria...
_Fazer amor comigo e inventou essa desculpa - Interrompeu ele.
_Será que eu posso falar? Ou você vai ficar a noite inteira destilando rancor?
_Não me conformo de você ter mentido para mim. Se não queria, era só dizer. Se acha que ainda não é hora, era só me dizer. Se você não tá mais a fim, era só me dizer. Mas mentir?? – E o carinha ia se empolgando na argumentação, se inflamando. Dizem que a raiva é combustível da própria raiva.
_Eu já disse que agi mal.- disse Clara calmamente - Pensando em não te magoar, magoei mais ainda. Mas pense comigo e responda sinceramente: se eu te dissesse que não queria fazer amor naquele momento, iria mesmo ser “tudo bem” para você?

Ele ficou desconcertado com a pergunta. Sabia onde ela queria chegar. Se por um motivo mais ou menos plausível, que depois se mostrou falso, ele havia ficado a beira do coma alcoólico, o que teria acontecido se ela tivesse dito um “não” com todas as letras? Ele tentou balbuciar alguma resposta, mas Clara alcançou sua boca antes, beijando-o demorada e ardentemente. Ele a puxou para seu colo e de novo a ebulição de hormônios. Um frenesi de abraços, mãos, apertos, línguas e:

_Pera aí, - disse ele, parando de repente – eu já vi esse filme.
Clara olhou para ele e disse em tom malicioso:
_Só que esta é a versão do diretor... e sem cortes. - Disse ela, enquanto desabotoava a blusa.
_Você tem certeza que...
_Edu, o que você acha? Disse ela, olhando dentro dos olhos dele

E ele não abriu mais a boca. Pelo menos não para falar...

_Sabe que as vezes eu até esqueço que você chama Eduardo?


Fim da primeira parte