quinta-feira, agosto 09, 2007

Histórias quase reais - Jimmy Page em Pirapora

Em agosto de 2001, fomos tocar em Salto de Pirapora e um fato surpreendente aconteceu. Veja só:

À certa altura do show, quando iniciava os acordes de "I Saw Her Standing There", vi uma figura que adentrava o local timidamente. O local estava uma zona, a galera pulava feito louca e alguns mais afoitos começavam a subir no palco e fazer stage diving. Voltei a fitar o estranho. Ele tinha um cigarro pendurado na boca e os olhos meio fechados por causa da fumaça. Ficou um pouquinho ali parado perto da porta, depois começou a andar... Tinha as mãos nos bolsos e
uma postura levemente arqueada. Tinha os cabelos compridos e já aparentava uma certa idade... Num instante, achei-o parecido com o Jimmy Page, que idéia!

"Jimmy Page em Salto de Pirapora?!", pensava enquanto fazia o backing vocal do Paul.

A galera continuava pulando... Mas, aos poucos, enquanto ele ia se aproximando, as pessoas iam parando para vê-lo e ficavam paralisadas, incrédulas. O silêncio foi ficando tão perturbador que quase tivemos que parar a música no meio e, ao final, os aplausos foram apenas de dois ou três que ainda não tinham se ligado no que ocorria. Pelo burburinho que subia reverberando pelo clube, dava prá identificar as palavras "Page", "Zeppelin", "Stairway to Heaven" e algumas coisas assim...

No palco, estávamos todos estáticos. Olhei para o Giba que estava paralisado com os olhos esbugalhados. O Alemão, o baixista, parecia que ia cair em prantos ali mesmo.

"Será possível?", pensei. Ele continuava caminhando lentamente em direção ao palco.

Comecei a conjecturar: "Jimmy Page é casado com brasileira, não é? Eu já tinha ouvido falar que ele morava no Brasil... Aqui em Salto tem uma igreja que pratica o Santo Daime, será que tem alguma coisa a ver com isso? Meu, por que ele tá vindo na minha direção?"

Ele continuava em passos lentos...

"Putz, o cara vai subir prá tocar com a gente?"

Foi em direção à pequena escada que dava no palco...

"Ele não trouxe guitarra? Quem vai emprestar uma guitarra prá ele?"

Ele se aproximou...

"O quê, logo eu?! Mas aí eu não vou tocar? Não, não, pede prá outro, pô!", gritava eu em pensamento.

Ele já estava à minha frente com um meio-sorriso e aquele meio-cigarro pendurados na boca, os olhos miúdos...

"Porra, Jimmy, logo eu, cara?"

- Oi... hi, Jimmy! Tu-tudo bem, cara?
- Tôdo pêim..., respondeu ele em português tosco.
- Pe-pega minha guitarra... (porra, cara, vc é o guitarrista do Led Zeppelin e nem traz sua própria guitarra?) ... é de um braço só, não tem problema?

Ele nem respondeu, pegou a minha guitarra, testou uns acordes e o Batata, espertíssimo, começou a puxar "Rock´n´Roll" na batera...

A galera veio abaixo e eu também: Jimmy Page tocando no mesmo palco que eu, com a minha banda, e eu sem guitarra...

O Giba cantou essa música tão bem que acho que o próprio Jimmy ficou impressionado. Alemão tocou como nunca e o Batata, nem preciso falar, realizou o sonho de todos os bateristas. Ao final, ele só sorriu, tirou a guitarra e desceu. A galera, óbvio, ficou implorando por mais, gritando todos os nomes de músicas do Zeppelin que se possa imaginar. Mas ele, calmamente, só sorriu a todos e saiu... E eu fiquei ali segurando a guitarra que Jimmy Page havia acabado de tocar. O suor de seus dedos ainda nas cordas... Caiu a casa prá mim: quem iria querer me ver tocar depois disso?

1 Comentários:

Às 3:33 AM , Anonymous Roberto Cabongo disse...

Genial...o q eu posso dizer...merdas acontecem...rs. Desculpa pelo atraso do post.

 

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