sexta-feira, outubro 31, 2003

O alemão saltador
Quem vê a gente assim, já tiozinho, não imagina como foram as tretas da infância...
Talvez esse episódio que o Master narrou (e que me arrancou lágrimas de riso, como há muito não acontecia) tenha acontecido na mesma época que esse outro causo que conto a seguir.

O cara era grande. Grande e folgado. Grande, folgado e rico. Lembrava muito o Beef, aquele vilão do "De Volta para o Futuro". E a diferença de altura entre ele e eu era a mesma entre o Marty Mc Fly e o Beef. Naquela época, eu ainda não tinha espichado...
Bom, naquele recreio, sabe-se lá porquê, o alvo era eu. Provocações múltiplas, xingamentos, os capangas dele me rodeando...

Pausa. Nessa ocasião lembro dele falar assim: "Sua mãe é uma prostituta!" Eu sabia que elogio aquilo não era, mas não fazia idéia do que significava...Depois, cheguei em casa e perguntei para minha mãe. Ela toda surpresa pela pergunta e um pouco constrangida respondeu: "são mulheres que vendem o corpo para sobreviver" Ah...tá...Continuei sem entender nada...

Volta para a briga. Bom, o Douglas (Beef) foi me apertando, provocando, xingando até que, encostado em um banco de concreto, saltei de repente para trás, ficando em cima do banco. Fiquei da altura dele e disse: "Vem, se for homem!" (se eu não sabia o que era prostituta como é que sabia o que era "ser homem"??).

Assim como o oponente do R3x, ele também ficou surpreso (paralisado de riso, talvez...)...e os capangas que estavam ao lado começaram a gritar de jeito bem debochado: "Meu hééroi! Hééroi! Hééroi!!" Daí, aquele bolinho de moleques acabou chamando a atenção de algum funcionário, que logo dispersou todo mundo. Mas a praga desse apelido me acompanhou por vários anos (hééroi) letivos e isso me irritava pacas, gerando inclusive outras tretas...(estas sim, com algum contato físico)

Engraçado que depois ouvi umas estórias de que eu tinha surrado ( !! ) o Beef, porque ele foi mexer com uma menina e eu a protegi. Então ela, em agradecimento, teria dito: "Meu herói..."

Esses moleques tem uma imaginação...

quinta-feira, outubro 30, 2003

O japonês voador
Quem vê a gente assim, já tiozinho, não imagina como foram as tretas da infância. A Gi sempre ria quando eu tentava narrar as aventuras de uma luta travada na infância, na rua, por causa de umas figurinhas. Ela achava simplesmente inconcebível dois molequinhos de 7 anos atracados pelo pescoço e socando-se mutuamente.
A verdade é que todo moleque já brigou na vida por causa de figurinhas, lancheira, futebol ou qualquer outra coisa de igual relevância.

Quando eu era apenas um gafanhoto, meu grande mestre nas artes marciais era o próprio Mestre do Kung Fu, o sr. David Carradine. Ele tinha um golpe fulminante que consistia em saltar com os pés projetados à frente em direção ao peito do oponente. Nunca falhava. Quando ele dava esse golpe, o bandido era derrotado e o episódio acabava. E eu, com toda a minha disciplina e obediência aos valores das artes marciais orientais, em pouco tempo aprendi a executar esse golpe com total perfeição. Sabendo porém do seu potencial aniquilador, passei um bom tempo sem nunca executá-lo contra um ser vivente.

Certo dia, porém, minha paciência de arqueiro zen foi posta à prova e confesso que sucumbi. Provocações, xingamentos, ofensas... aumentando... aumentando... até que parti em corrida desabalada na direção do provocador e, a cerca de 1 metro e meio, saltei com a perna direita estendida em direção ao seu peito. A perna esquerda flexionada. Punhos fechados. Só faltou gritar um "kiai", mas aí achei que ficaria "over".

pausa dramática... (fade out)

Não, ele não morreu. Na verdade, ele nem caiu. Mas fez uma cara de susto que guardo até hoje na lembrança!! Huahuahuahuahua!!!
Desse dia em diante, ganhei a pecha de "Japonês Voador", desarmado e perigoso.

terça-feira, outubro 28, 2003

O ruim e o pior
Poucas coisas conseguem ser piores do que quando vc leva alguma coisa prá consertar e ela volta com um outro defeito que não tinha antes.
Mesmo que não seja, dá uma impressão forte de desleixo, relaxo... Vc logo imagina aquela oficina imunda, o cara todo desajeitado mexendo em uma peça e estragando outras. Aquelas molinhas pulando prá fora do aparelho... Ou aquela imagem clássica do cara que desmonta um aparelho e quando monta de novo, sobram algumas peças. Tipo o carro do Michael J. Fox em "Doctor Hollywood".
No meu caso, levei o carro prá fazer a revisão de rotina na concessionária. Como o carro não tinha problema, eles trabalharam com todo afinco para me arrumar um.

segunda-feira, outubro 27, 2003

Um rio que passou poluído em minha vida
Todos os dias eu passo pelo Rio Pinheiros e fico imaginando se um dia ainda vou vê-lo limpo e navegável. Sempre imagino os barcos, os quiosques que surgiriam às suas margens..

sexta-feira, outubro 24, 2003

Samba do Arnesto
Uma das matérias mais legais que eu vi nos últimos dias foi da série sobre os 450 anos de São Paulo. Descobriram, morando ainda no Brás, o legítimo "Arnesto" do samba do Adoniran. O tiozinho, que de furão e analfabeto não tem nada (é advogado aposentado e se chama "Ernesto"), parece ser uma figura bem simpática. Adoniran também deve ter tido a mesma impressão e assim que o conheceu, lhe prometeu logo "um samba". Arnesto convidou prum samba em sua casa o grupo Demônios da Garoa e a reportagem do SP-TV. E se emocionou com o show dado pelos Demônios. No fim, "ponhou" na porta o famoso recado assinado em "cruz".

Em homenagem a isso, tentei uma experiência diferente hoje de manhã: vim ouvindo Adoniran. Quer saber? Numa típica manhã cinzenta de São Paulo... ouvindo aqueles hinos aos bairros da cidade... dá mesmo vontade de chorar, é lindo demais.

quinta-feira, outubro 23, 2003

A day in the life
Tem dias em que a gente acorda pensando: afinal, o que realmente importa na vida?

Óbvio, eu não sei. Mas tem aquele senhor que eu não conheço e que me dá "Bom Dia" todos os dias com um sorriso em sua caminhada matinal. E tem a moça da padaria que me chama de "Meu Anjo" e sempre me atende tão bem. E a oportunidade de poder vir ouvindo minha própria seleção de Beatles Lado B nos fones, lendo as letras. E o desafio pessoal de um dia decorar a harmonia inteira de "Águas de Março". E poder dar boas gargalhadas resolvendo Palavras Cruzadas com a Cris no sofá. E fazer de cada almoço um verdadeiro evento social. E os pôr-de-sóis de primavera na minha janela. E assistir a um show do Black Jack no Wooly Bully. E o super-banho-capricho-especial das manhãs de sábado. E ver o Fernando, nenê de 21 dias, filho da Maria José. E aguardar ansiosamente a versão em português do novo livro do Nick Hornby. E a comida da D. Amélia. E conversar via ICQ. E rememorar em fitas VHS os primeiros gigs da Bandagem e outras jam-sessions. E o sandubão de picanha do Fifties. E as lojas de instrumentos da Teodoro. E... do que estávamos falando mesmo?

quarta-feira, outubro 22, 2003

O Resgate do Soldado Ryan

Ontem resgatei um cara há muito desaparecido. Alguns até davam como morto. Confesso que eu mesmo não tinha muito certeza. Mas, movido pela vontade e pelo estímulo de alguns amigos, fui procurá-lo.
Na verdade, não foi muito difícil encontrá-lo. Assim que pisei naquele chão preto de madeira, iluminado por tímido spot de luz, ele apareceu. Não falou nada. Só olhou prá mim e deu um sorrizinho meio sacana, talvez querendo dizer que estivera ali o tempo todo.
Foi bom saber que ele está vivo. Espero não perder mais o contato.

terça-feira, outubro 21, 2003

O DVD acabou com o sonho
Antes do advento do dvd e dos seus inúmeros e insólitos títulos, o mundo musical era mais recheado de lendas e mitos.

No emblemático album-duplo "The Song Remains the Same" do Led Zeppelin, por exemplo, dizia-se que durante o solo de bateria, John Bonham quebrava as baquetas e continuava a tocar com as mãos, que chegavam a sangrar. Recentemente, vi o dvd. Não tem nada disso, ele simplesmente larga as baquetas e passa a batucar prazerosamente os tambores. O som continua o mesmo, mas perde um pouco do romantismo rock'n'roll.

Na era pré-videoclip, inclusive, dizia-se que David Coverdale cantava "de costas" para o microfone, tamanha era a sua potência vocal. Hoje, os dvds desmascaram a lenda. Alguém já viu isso acontecer em algum show do Deep Purple daquela época?

segunda-feira, outubro 20, 2003

Caso Verdade
20 anos – Peladhios em Santhios


Esse post é em homenagem ao Martins, à Deise e a todos aqueles que ficaram chocados com os outros “caso verdade”.

Quando temos 20 anos o mundo é nosso. E o que importa é viver a vida. E de preferência com os amigos. Mesmo que depois os novos amigos fiquem um pouco chocados...

Visconde de Mauá – RJ. Montanhas, cachoeiras, friozinho e vinho (prá rimar e prá esquentar). Galera da faculdade, 20 anos, vinho. Vinho descendo, vinho subindo. Galera da facu, 20 anos, cachoeiras, tudo rodando...

A temperatura devia estar beirando uns 9, 10 graus no máximo. Uma garoa fininha dava a impressão de mais frio ainda. Fizemos uma caminhadinha de uns três quilômetros e chegamos na famosa “Cachoeira do Escorrega”, que tem esse nome por causa de um escorregador natural de pedra.
Eu adoro água. Não posso ver uma poça que já quero pular; e vendo tantas cachoeiras, não estava me segurando. Então, disparei para o Keko que estava mais próximo:
_Pô, Keko, a gente anda tudo isso, vem até aqui e não vai escorregar nessa cachoeira?
_É mesmo, sacanagem. Mas nem calção eu trouxe...

Bom, evidente que com aquele tempo, ninguém mesmo pensaria em levar roupa de banho, nem eu...Mas daí, o vinho, a galera, os vinte anos e:

_Calção? Vamo di cueca mesmo.

E assim foi. Dois lóques escorregando de cuecas para cair na água glacial lá embaixo. Lembro perfeitamente das sensações: ossos doendo, dificuldade de movimentos, medo de ter um treco, tipo uma parada qualquer coisa, felicidade em estar ali naquele momento e...uma baita gritaria fora da água. Havíamos chegado ao lugar em umas cinco, seis pessoas. Quando saí da água tinha um monte de gente que foi ver “os doidos que entraram na água”. Lembro também da sensação de calor que era fora. A temperatura externa era tão maior que a interna que eu estava ali molhado, de cueca e camiseta me sentindo no Saara. Todo mundo encapotado me oferecendo mais vinho, ou um casaco e eu ali com calor...

Seria fácil hoje em dia dizer que foi tudo culpa do vinho. Mas não é verdade. O fato de estar em um lugar legal com pessoas legais sempre foi-me muito mais inebriante do que qualquer etílico.
É claro que o fato de ter vinte anos também contou...

Carnaval do Carniceiro
Aproveitando a fase poética que o Alex-J inaugurou nesse blog, cante e dance comigo:

Ó, Carniceiro, por que estás tão triste?
Mas o que foi que aconteceu?
"Cortei o olho de um paciente / que deu dois suspiros / e depois morreu..."

Ó, Carniceiro...
Não fique assim.
Não fique triste que a vida é assim mesmo
Você corta um olho fora, mas o outro tá ali.

"Ó, paciente...
Você não entendeu...
Eu não tô triste pela morte, isso é até normal prá mim...
É o convênio que não quer pagar o corte"

sexta-feira, outubro 17, 2003

Findi Post

fim de semana, que bacana
fim de sexta, melhor ainda
fim de festa, as vezes é deprê
as vezes é outra festa...

(e hj é a festa da Gi...)

TribaPost

quem fica parado é post
onde vai o carro? no posto
silicone é postiço, é posto
quem tem pôster no armário?
reconhecimento póstumo é um porre
não postergue sua vida
não pense na posteridade
posto que a vida é dura
não mantenho a compostura

Post invisível


O Post e o Vento – e mais conexões desconexas
Palavras, quando saem da boca, viajam através de ondas, posto que são sons.
Palavras escritas em papel podem viajar dentro de um envelope, dentro do caderno, dentro de uma garrafa movida por água e vento.
Palavras escritas em um blog viajam através de cabos, fios, monitores. Mas também podem viajar através da boca de alguém que conta a outro alguém o post que leu. Ou alguém pode imprimir em papel um post para ler depois, quem sabe no metrô, ou para os pais em casa (né, má?) E daí começa tudo de novo....

quinta-feira, outubro 16, 2003

Every Post You Take - e outras conexões musicais
Hoje bem cedinho ouvi essa música...não cantada pelo Sting, mas pelo Giba, vocal do Striptease na Planície, umas das bandas do R3x. Como é uma banda formada por manos que fui conhecendo ao longo desta longa estrada da vida, inevitavelmente me fez lembrar não apenas destes em especial, mas também de outros. Por exemplo: impossível não lembrar da frase clássica do Birão: “Pára o mundo que eu quero descer na estação “Every breath you take”. Todos nós abraçamos a expressão, usando músicas e bandas que curtimos, a Magda por exemplo, dizia: Pára o mundo que eu quero descer na estação “Engenheiros do Hawaí”. Bom , tem gosto prá tudo, né?

Impossível não lembrar de um outro Renato que no 2º colegial me apresentou muita coisa bacana de música: bandas punk, Arrigo Barnabé, Premê, Língua, Waldir Azevedo. Me apresentou também uma tal de banda The Police.

O R3x também aprecia e conhece muito The Police. Vou até contar um segredo para vocês: ele tem um poster do Stewart Copland na porta do armário...

Também lembrei do show que assisti do Sting, o “Bring on the Night”. Rapaz, que banda era aquela...foi o único show até hoje que assisti duas vezes, na sexta e no sábado (tudo bem que ganhei os ingressos do sábado, mas ainda sim tive vontade de voltar no domingo...).

E como diz o Whisky, nosso popstar preferido: Abraçada Molt Forta (que diabos de língua é essa?)

Ps: E agora escrevendo, lembrei de outra música do Police: “Message in a Bottle”. Post & Publish, a garrafa tá na água...

quarta-feira, outubro 15, 2003

Ninando com o Carniceiro

Cante comigo, em ritmo de "Terezinha de Jesus":

Carniceiro de Nuremberg
Na cagada, cortou meu olho
Acudiu-me o enfermeiro
Como quem corta um repolho

O primeiro só cortou...
O segundo triturou...
O terceiro foi aquele que a minha visão tirou.

terça-feira, outubro 14, 2003

Hoje é aniversário da Gi!
Hoje é aniversário da minha Deusa do Ébano Gizele.
É pique! É pique! É pique!
Sim! Porque na novela Mulheres Apaixonadas, eles também cantaram "É pique!", tá?!

Encanações nossas de cada dia
Se vc sair por aí perguntando aos seus amigos sobre as encanações, vai perceber que cada um tem as suas.
A Marisa, por exemplo, na época da faculdade, ficava angustiada com salas fechadas com muita gente... "Encanação com incêndio", dizia ela...
A Helena me contou uma clássica também: fechar o carro num dia quente dá a encanação de que o ar interno vai inflar e vai estourar os vidros!
Eu tenho uma encanação com explosões. Vivo achando que as coisas podem explodir: o fogão, o carro, os pneus... e até o monitor, quando o computador fica pensando muito. Recentemente, li umas notícias sobre explosões de algumas baterias de celular, causando queimaduras nas pessoas. Mais uma encanação prá lista.
A Cris é encanada com sufocação. Janelas totalmente fechadas, nunca.
E o Juninho deixou de brincar com o seu deck de Yu-Gi-Oh! depois que encanou que era "coisa do mal".

Para o Alex-J: não, escadas rolantes paradas não são mais motivo para encanações. Após longo período de terapia, hoje são motivo apenas para preguiça.

segunda-feira, outubro 13, 2003

Carniceiro Cara de Pau
Impressionante! Estou eu lendo a minha revista Caras, a leitura básica da semana para ver se encontro alguma fofoca nova sobre os meus ídolos do Black Jack, quando dou de caras com uma nota do meu querido Dr. CL de passagem por Aruba! É mole?
O "Carniceiro de Nuremberg" está lá passando uns dias junto à brisa do mar do Caribe. A matéria diz que ele está ministrando algumas palestras a grandes personalidades da oftalmologia mundial.

Não que eu tenha guardado rancor do sujeito, mas seriam estas as palestras?

- "O uso do garfo nas cirurgias oftálmicas"
- "O uso de globos oculares em obras de arte"
- "O baixo colesterol nos espetinhos de olhos castanhos claros"
- "Enxergue longe. Abra uma franquia das Clínicas CL"

sexta-feira, outubro 10, 2003

Traduções que já fizemos um dia

The Beatles: Os Besouros
The Pretenders: Os Pretendentes
We can work it out: Nós podemos trabalhar fora (essa é do Alex-J)
She's like the wind: Ela gosta do vento
I've heard it through the grapevine: Eu ouvi pelo pé de uva

quarta-feira, outubro 08, 2003

Abra a KBeça
O nosso personagem preferido e grande mentor espiritual do momento é o Guguinha. Guguinha sempre nos dá a resposta certa para todas as nossas dúvidas: "Eu num sei... eu num sei..."

terça-feira, outubro 07, 2003

O sentimento xarope II
O R3x abordou um tema que é importante em nossas vidas, o xaropismo. Acho que essa série “o sentimento xarope” rende pelo menos mais uns dezoito posts...
Vou começar pelo começo (que original...). Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante (viram? ficar citando filmes é um tipo de xaropismo) Master Yoda R3x e Obi-Wan Alex-J conversavam tranquilamente sobre o seriado Jornada nas Estrelas em uma pequena sala de trabalho. Quando de repente entra uma garota de outro departamento e faz comentários do tipo: “Ai, tá muito frio aqui dentro” ou “Ai, tá muito calor aqui dentro” ou “Ai, meu micro deu páu e eu perdi tudo”. Bom, como estávamos discutindo a real necessidade da existência de uma Bíblia em língua Klingon (aquela raça fortemente inclinada ao belicismo), não demos assim muita atenção à pobre garota que reagiu assim: “Ai, ninguém me dá atenção. Vocês são muito xaropões-pé-no-saco”.

A partir daí, essa denominação “xarope” passou a ter outro sentido em nossas vidas. E sim, abraçamos o xaropismo.

Exemplos de coisas xarope praticadas por nossos amigos xaropes:

- O Vinny, além de saber de cor as introduções de todos os Star Wars, tb sabe de outros filmes menos...glamurosos eu diria, como por exemplo “Remo, desarmado e perigoso”.
- Master R3x e eu assistimos (e nos lembramos, o que é pior) de um episódio de Globo Repórter provavelmente de 1978 que mostrava uma pequena e super venenosa cobra chamada Insulares.
- O Master R3x lembra do nome e sobrenome dos principais membros da equipe do seriado SWAT
- Não com muito orgulho, mas eu canto o antigo jingle das balas Kids (roda, roda, roda baleiro atenção...) e alguns da coca-cola...

Enfim, esse é mais um aspecto deste vastíssimo tema que é o xaropismo, no caso o xaropismo de televisão. Sim, porque muitas são as faces do xaropismo. Mas qual será a verdaderia face...

segunda-feira, outubro 06, 2003

No consultório do Dr. CL
Como já relatei aqui, fui submetido à uma lobotomia ocular com o dr. CL, também mundialmente conhecido como o "Carniceiro de Nuremberg", e retornei ao seu consultório na sexta-feira para exames pós-operatórios.
Num primeiro momento, era muito divertido olhar para ele e lembrar de todas as barbaridades que já foram divulgadas aqui neste blog, julgando que ele jamais poderia supor que a sua biografia não-autorizada estivesse disponível na internet. A minha alegria, no entanto, acabou no momento em que ele pisou num pedal da cadeira e o encosto se reclinou violentamente para trás, transformando-se numa espécie de cadeira de dentista. Imediatamente, colares metálicos fecharam-se sobre o meu pescoço e sobre os meus pulsos, imobilizando-me completamente.
- O que está acontecendo?! - perguntei apavorado.
- Entom vc não saberrr?... - perguntou ele num tom irônico e num forte sotaque alemão que eu jamais havia percebido. Uma breve pausa e ele continuou:
- Meu sistema de inforrmações serr muito eficiente Herr Réquiss! Ele logo identificou meu apelido em seu website e tudo o que foi revelado a meu respeito...
- Espera aí, dr. CL! Aquilo foi uma brincadeira! Eu inventei tudo aquilo!
- Infelizmente, Herr Réquiss, vc conseguiu muito realismo em suas declarrações... até a Gestapo entrou em contato comigo. Eles acham que a Interpol pode estarr me investigando neste momento, graças ao seu blog.
- Que é isso, dr. CL? A Interpol jamais acreditaria num blog de internet. Por favor, deixe-me ir!
- É claro, Herr Réquiss... Mas antes, permita-me apenas "ficarr de olho no senhorrr!" - e soltou uma terrível gargalhada daquelas de Gênio do Mal que querem conquistar o mundo: "Ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha!!!..."
Neste momento, uma pequena porta abriu-se no teto e um braço telescópico começou a descer em minha direção. Em sua ponta, uma espécie de broca girava... vinha em direção aos meus olhos...
- Não!! Não!! - gritei desesperadamente, enquanto o dr. CL colocava em mim aqueles terríveis dispositivos "Laranja Mecânica" que não permitem fechar as pálpebras.
A pequena broca foi se aproximando... se aproximando... "Nãããããããooooo!!!!!!..."

Pausa dramática... cena vai se dissolvendo num close-fade.

Acordei num sobressalto! Estava molhado de suor, pulei da cama e corri até o espelho. "Teria sido tudo um sonho?! Mas foi tão real!". Olhei-me no espelho. Parecia tudo normal, a não ser... pequenas marcas em meus pulsos e no pescoço! Fitei os meus olhos no espelho... nada anormal. "Peraí, deixa eu ver de novo!"... Parece um pontinho vermelho no olho direito. Agora sumiu. Agora voltou. Que diabo será isso?...

Enquanto isso, a kilômetros de distância, um outro personagem podia assistir à mesma visão do espelho num monitor de tv.
- Ha-ha-ha-ha-ha!!!... Bem, Herr Réquis... com essa micro-câmera ocular, criada porr mim, parrece que finalmente "estamos de olho em vc"! Ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha!!!!!!!!...

Continua... ou não.

quinta-feira, outubro 02, 2003

O sentimento xarope
Eu e Alex-J já identificamos em nós aquilo que convencionamos chamar de o "sentimento xarope". E o que seria então o "sentimento xarope"? Vou tentar exemplificar com uma historinha...

Quando eu tinha 7 anos, percebi pela primeira vez na vida a beleza feminina. Ela estava lá no pátio, esperando em fila como todos nós... como era uma das mais altas da sua turma, era também, uma das últimas da fila. Mas ela tinha um olhar diferente... longínquo... como se não percebesse toda a algazarra das outras crianças ao redor. Ela se chamava Magda e foi o primeiro indício de paixão de que posso me lembrar.

O primeiro ano da escola a gente nunca esquece. Nesse tempo, quando batia o sinal, tínhamos que fazer uma formação em fila de dois a dois no pátio para depois seguir para a sala de aula. Às vezes, nesse momento da formação, o barulho era tanto que a diretora em pessoa (uma senhora gorda de olhar altivo e voz poderosa) batia uma sineta e dava uma bronca coletiva prá conseguir o silêncio. A sineta era, essa sim, um verdadeiro sinal de perigo. Era algo amedrontador. No mais, os intervalos eram sempre iguais... merenda, correria, brincadeiras, bafo... Aí batia o sinal, fila e... Magda, que eu podia ver a três filas de distância. Ela não me conhecia, na verdade, jamais cheguei a dirigir-lhe uma única palavra e sendo bastante sincero, não sei até quando durou essa paixão platônica.

Tá, mas o que isso tem a ver com o "sentimento xarope"? O "sentimento xarope" é justamente isso: conheci essa garota aos 7 anos de idade, jamais falei com ela, mas nutro ainda um sentimento afetuoso. Se a encontrasse hoje com certeza a reconheceria e seria capaz de lhe dirigir o mesmo sorriso de 25 anos atrás. E ela jamais saberia porquê.